Bom, depois daquelas pequenas dicas de como se organizar pra fazer aquela poupancinha básica e estratégica pra viagem, naquela conta que você não sabe (e nem quer saber) a senha, e só vai se dar ao trabalho de levar a documentação exigida pela burocracia do banco pra retirar o dinheiro, quando tiver quase certeza que o que poupou vai ser o suficiente pra próxima viagem, chegou a hora de escolher o destino.
Se você já foi "picado pelo mosquito viajante", ao completar aproximadamente um ano que viajou, você deve estar sentindo aqueles sintomas: fica nervoso e agitado ao ouvir qualquer ruído semelhante ao "tinnnntunnnn" da campainha de alerta de embarque nos aeroportos e rodoviárias, e está quase louco pra largar tudo (incluindo trabalho, mulher, filhos) e sair pela estrada, mesmo sem saber se o dinheiro que tem é suficiente.
Então recomendo ficar atento aquelas promoções relâmpago (geralmente na baixa temporada) em sites como submarino.com e cvc.com . Também pode escolher destinos no nordeste do Brasil, que são mais barato que no restante do pais, ou ainda, nossos vizinhos da América do Sul, cujo câmbio já está mais favorável para nós, e a língua não é problema porque entendem perfeitamente um portunhol.
Então vão aqui algumas informações a cerca de como são as condições em alguns desses países e como fazer pra diminuir os custos da viagem.
O Uruguai tem ótima estrutura de campings e vários locais em que você pode acampar sem custo, mas não deve esquecer de levar agasalhos e bons sacos de dormir, porque é frio a noite, mesmo no verão. Há muitas opções de restaurantes limpos e com boa comida, mas geralmente são mais caros que aqui. Para fazer um dinheirinho na volta ao e ajudar a diminuir os gastos da viagem ou já começar o pé de meia da próxima, eu aconselho investir em derivados de leite e artigos de lã (se você vive no sul ou sudeste, claro!).
A Argentina, até o ano 2000, era um destino caro, porque o câmbio era muito favorável a eles, mas a partir desse ano, a situação se inverteu e hoje ela é um dos destinos mais baratos para brasileiros na América do Sul. Lá encontramos muito bons hotéis, restaurantes e confeitarias, com pratos bem calóricos, e todos esses serviços, com preços muito bons! A dica de compras para fazer um dinheirinho na volta ao Brasil, fica por conta dos artigos de couro e lã(como casacos), vinhos, queijos e embutidos e biscoitos. Tudo feito com muita qualidade!
O Paraguai não possui muitos atrativos naturais, a não ser a região do Tchaco e das Cataratas do Iguaçú, mas você pode fazer boas compras de importados, desde que escolha lojas bem apresentáveis e estruturadas, para não comprar gato por lebre. O Paraguai é meio terra de ninguem, por isso tome cuidado com o dinheiro e pertences e muita atenção por onde anda. É bom estar sempre acompanhado.
O Chile é o país mais caro da América do Sul, mas você vai encontrar segurança, estradas muito boas e bastante opção de hotéis, pousadas e restaurantes, principalmente na orla. Não há muita oferta de campings, mas é tranquilo e fácil encontrar locais pra acampar. Mas você precisa levar uma barraca bem hermética pra proteger do vento, um saco de dormir bem forrado (faz frio a noite, mesmo no verão!) e bastante água engarrafada, porque é bem árido. Como lá os produtos são mais caros que aqui, a opção é levar coisas pra vender lá. Para minha sorte, pranchas e acessórios de surf, bem como skates, são muito bons de vender e servem também como moeda de troca por estadia e ou alimentação em cidades balneárias como Pichilemu, Iquique e Uraca.
As pousadas também não são tão caras, comparando com os preços de pousadas nas regiões sul e sudeste do Brasil, mas opte por apartamentos com cozinha, porque comer fora sai caro!
O Peru é o destino que mais gosto aqui na América do Sul, por causa da sua rica cultura, culinária boa e variada, baixo custo de viagem e ótimas ondas (pra um surfista doente como eu!). A infra estrutura melhorou muito na ultima década, mas o cheiro de gordura velha ainda está entranhado, principalmente no centro das cidades, por causa da falta de chuva. A água é um bem precioso e caro, por isso o aceio não é uma característica muito arreigada no povo mais humilde. então evite comer e beber suco na rua, comprar frutas e verduras frescas nas margens de rodovias e ruas (porque estão impregnadas de poeira contaminada), e só escove os dentes com água mineral.
Você precisa saber que o Peru é o maior celeiro de golpistas da América Latina e ir ou transitar em Lima a noite é muito perigoso! A não ser em bairros nobres, mas vá de táxi ou com algum nativo conhecido. Se quiser fazer compras em Lima, prefira o dia, não ostente roupas, óculos e relógios caros e vá em grupo.
Quando ospedado em hoteis, pousadas ou casas alugadas, esconda seus documentos e pertences em local seguro e tranque bem a porta ao sair, para evitar surpresas desagradáveis.
No Peru você encontra uma gama variada de produtos que podem ser comprados para serem comercializados no Brasil dando bom lucro, como artigos de lã de alpaca (casacos, tapeçaria, bolsas, gorros, luvas, etc...), prata, artesanatos em madeira, cobre e couro. Eu aconselho fazer as compras no Mercado Inca, no bairro La Marina, onde há muita oferta de produtos. Prata e casacos de lã também podem ser encontrados nas ruas ao redor do Palácio Presidencial no centro da cidade. Outra opção é o mercado Polvos Azules, embora seja uma área repleta de ladrões e punguistas a espreita, então só vá lá com o dinheiro bem escondido na cueca ou calcinha e ande em grupo. O segredo pra conseguir bons preços é comprar "por mayor" (em quantidade) e pechinchar bastante (eles gostam da arte da barganha e não se incomodam com o choro!).
O Equador passou por grandes transformações entre 1999 e 2000, quando foi quase arrasado por enchentes provocadas pelo fenômeno El Niño, e teve sua economia dolarisada (o Sucre, a moeda nacional, foi substituída pelo dólar americano), então o pais deixou de ser o destino mais barato da América do Sul, pra se tornar um dos mais caros. Tem muito artesanato bonito e artigos de lã de primeira linha, mas o preço não é mais atrativo. Você encontra muita coisa no Mercado Artesanal de Guaiaquil e tapeçaria e roupas de lã em Otavalo (na região serrana).
Como o Equador tem um parque industrial limitado e pouco variado, depende muito da importação de produtos. Por isso é bom de levar coisas para vender lá, como calçados e acessórios (principalmente femininos), e eu sei que pranchas e acessórios de surf, bem como bodyboards também são fáceis de vender ou trocar por alimentação e/ou estadia no litoral.
A estrutura hoteleira, pousadas e restaurantes é concentrada em algumas áreas mais turísticas . Você pode optar por campings também, mas de preferência aqueles com vigilância e fechados, porque roubos são comuns, então esconda ou deixe seus documentos e bens valiosos em local seguro.
Bom, estes são países que sou mais familiarizados aqui na América do Sul espero ter colaborado com algumas sugestões.
A malha viária dentro e entre estes países é boa e bem sinalizada, se comparada com a encontrada aqui no Brasil (que parece de 4º mundo, exceto as rodovias privatizadas, e mesmo assim, muitas deixam a desejar!), por isso não é difícil se deslocar de ônibus ou carro pra chegar até lá. Então se prepare e boa viagem