terça-feira, 28 de junho de 2011

O mundo muda, o Brasil nem tanto!














Acabei de voltar do Perú, onde recarrego minhas forças quando a grana tá curta e roteiros mais longínquos estão fora do orçamento, e fiquei impressionado com o dinamismo das mudanças estruturais e culturais naquele país, principalmente quando comparamos a lentidão com que as coisas são feitas aqui no Brasil.
As antigas fábricas de ração de peixe, que impestiavam o ar no litoral norte peruano praticamente desapareceram e estão dando lugar a granjas de frango para exportação.
As áreas de cultivo estão avançando sobre o deserto graças a sistemas de irrigação super eficientes.
A malha viária segue melhorando e hoje o foco é a abertura de avenidas em grandes centros urbanos pra desafogar o trânsito caótico provocado pelo aumento vertiginoso da frota de veículos. Os carros velhos caindo aos pedaços de até uns poucos anos passados estão dando lugar a carros novos importados dos mais variados modelos.
Os táxis são todos a gás veicular, o que os tornam muito baratos e impede o desenvolvimentos de frotas de ônibus regulares.
Shoppings centers proliferam em cidades grandes e medianas, e estão sempre lotados de clientes ávidos por promoções e produtos eletrônicos importados com preços convidativos, uma vez que o governo peruano não cobra impostos extorsivos como aqui no Brasil.
Muitos peruanos que viviam no campo ou pequenos povoados migraram para cidades maiores atrás de oportunidades e um estilo de vida menos sofrido. Rapidamente eles incorporaram hábitos modernos e perderam o jeitão "campesino" de ser.
As cidades coloniais e estâncias hidrominerais nas montanhas sofreram melhorias cosméticas e de infra estrutura para receber melhor os turistas estrangeiros, atraídos por uma massiva e competente propaganda governamental veiculada em televisões de vários países espalhados pelo mundo.
Embora os preços de acomodações e alimentação em cidades litorâneas mais procuradas como Punta Hermosa, Pacasmayo, Lobitos e Mancora tenham quase dobrado em 2 anos, para os turistas, os preços ainda são bem convidativos (U$ 20,00, pousada mais 3 refeições). Outros destinos menos famosos ou nas montanhas ainda seguem com preços que são verdadeiras barbadas.
Por conta disso, o turismo no Perú sofreu um "boom" nos últimos anos, mesmo com a valorização do SOLE, a moeda local.
Todas essas mudanças foram mais dinâmicas no Perú e são facilitadas em alguns países vizinhos de língua espânica devido ao sistema educacional rigoroso em termos de disciplina e conteúdo, preparando melhor as crianças e jovens para a vida e para o futuro.
É muito vergonhoso, para nós brasileiros que presenciamos o desenvolvimento de alguns países vizinhos, nos darmos conta que estamos perdendo o bonde do desenvolvimento por conta do nosso sistema educacional precário e voltado para o cumprimento de metas estatísticas de fachada, e não para uma aprendizagem de qualidade, sem contar a incompetência gestora dos nossos governantes, que parecem perdidos na enfadonha tarefa de administrar interesses políticos mesquinhos dos partidos da base aliada.
Assistimos nossos vizinhos ermanos se preparando melhor para o futuro e tememos por nosso próprio. Temos um país que é um celeiro abarrotado de possibilidades mas não preparamos pessoas para administrá-lo.