Acompanhando o caso daquele brasileiro que desapareceu em uma reserva natural na África após ter dispensado o guia (isso é o que diz o guia, muito suspeito por sinal!), enquanto realizava estudos de campo sobre políticas públicas para a pobreza, me lembrei de vários outros casos semelhantes e achei bom fortalecer o alerta.
As vezes nos envolvemos e solidarizamos com o sofrimento de comunidades pobres ou miseráveis ao ponto de perdermos a noção do perigo. A pobreza extrema nos faz achar que as pessoas que sofrem com ela estão fragilizadas demais, ao ponto de não corrermos risco. Afinal, estamos ali para ajudá-los e eles estão muito debilitados física e psicologicamente para nos ameaçar. Mas este é um engano frequente e perigoso, muitas vezes fatal!
É necessário e fundamental manter uma distância de segurança, onde cada pessoa da comunidade carente onde você está inserido é avaliada individualmente e você tenha certeza de que cada pessoa é diferente, com princípios morais muito distintos.
Normalmente, nestes locais aparentemente esquecidos por Deus, onde as crianças te recebem com alegria e os adultos com aquele olhar de esperança, se avalia erroneamente que todos são bons e sofredores tementes a Deus.
Tenha certeza que naquele meio há pessoas de má índole, que não estão interessados em esperar a ajuda que você pode dar ou não, ou nas migalhas que sobrarão pra eles após a partilha solidária dos recursos materiais ou financeiros que você desponibilizará.
São movidos por aquele pensamento egoísta do " Farinha pouca, meu pirão primeiro!"
Alguns conselhos básicos :
Nunca ande sozinho ! Ande sempre acompanhado de mais 2 ou 3 pessoas que você tenha mais confiança, mesmo que seja para ir ao banheiro (geralmente nesses locais eles ficam afastados ou você tem que recorrer a uma moita no mato).
Se for utilizar guias, procure pessoal recomendadas por pessoas de confiaça e leve sempre mais alguem (como no ítem anterior).
Sempre mantenha o máximo de pessoas informadas dos seus deslocamentos, tanto parentes que estejam longe quanto pessoal local de confiança e autoridades.
Não ostente riqueza, utilizando objetos de valor, ou mesmo "aparentemente" caros como relógios, óculos, laptop, i-pod, ou outra coisa tecnológica qualquer. É prudente usá-los de forma reservada ou em outra etapa mais segura da viagem.
Sempre compartilhe a comida que você levou, mesmo que você passe alguma privação.
Se for doar objetos pessoais (roupas, sapatos, etc....), faça de maneira reservada para evitar ressentimentos. Os objetos mais novos ou de maior valor devem ser dados próximo do dia da partida.
Lembre-se, as embaixadas do Brasil espalhadas pelo mundo são órgãos que só servem ao corpo diplomático e a pessoas com alguma influência política ou financeira. Não conte com a boa vontade delas. É melhor manter a mão os telefones dos escritórios da Cruz Vermelha ou de representações da ONU mais próximas, pois são órgãos mais confiáveis e mais experientes na resolução de problemas e conflitos.
Espero não ter passado a impressão de que visitar comunidades pobres nos confins de países de 3° ou 4° mundo (se 4° mundo não existe na teoria, existe na prática!) é um ato suicida, mas com certeza exige cuidados, jogo de cintura e planejamento.
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