sexta-feira, 24 de julho de 2009

A força transformadora do surf.











Depois de 5 anos, retornei ao Peru no mês de junho para desfrutar 1 mês de merecidas férias e fugir da pesca da tainha no litoral catarinense (ocasião em que 80% a 90% das praias propícias a pratica do surf são fechadas, trazendo dinheiro e felicidade pra alguns e prejuízo e tristeza para outros. Coisas da vida!).
Fui direto para o litoral norte peruano para me esquivar do frio cortante do sul, e fiquei em Pacasmayo por um tempo.
A cidade não mudou muito desde que estive lá pela ultima vez, mas em termos de acomodações e restaurantes, melhorou muito! Agora há pelo menos 10 bons restaurantes, limpos e com cardápio variado, e 15 hotéis e pousadas seguros e com preços e serviços muito bons.
Todos esses estabelecimentos foram abertos e elaborados na intenção de atrair aquela clientela fiel e crescente, que retorna quase anualmente, pra desfrutar as ondas peruanas.
É isso mesmo! Nós surfistas estamos transformando vários povoados outrora decadentes e fadados ao abandono, e outros locais desertos e inóspitos em verdadeiros oásis de prosperidade em meio a pobreza e miséria. E isso está acontecendo em todos os recantos do planeta, daquela ilhota deserta nos confins da Indonésia, ao buraco mais fétido e empoeirado da América do Sul e Central, ou de um vilarejo de pescadores anciões no sul da Tasmânia a boca de um rio que ninguém conhece no leste ou oeste da África.
Seriam locais sem nada a oferecer e sem nada a receber, se não tivessem em seu entorno ondas perfeitas. Esse é o tesouro que move milhões, se não bilhões de dólares ao ano, e que faz nós surfistas, atravessarmos mares e terras pra encontrar aquele local mágico e dos sonhos (mas ninguém aqui está falando de beleza) onde quebra aquela onda perfeita e solitária, que alguma amigo do amigo do amigo disse que existia.
Posso citar pelo menos 20 locais assim que estive nos últimos anos, como os pueblos de Montañita e Las Tunas, no Equador, Puerto Chicama e Lobitos, no Peru, Rio Nexpa, Isla Navidad e La Roia no México, Santa Catalina e Bocas del Toro no Panamá, Banko Banko (Desert Point), Lake Donpu e Kuta Lombok na Indonésia, e muitos outros, que se não foce pelas ondas especiais que tem, estariam na mesma condição miserável que estavam antes de terem suas ondas descobertas.
E todo mundo sabe que atrás dos surfistas vem as mulheres, e atrás das mulheres que vem atrás dos surfistas, vem mais homens e aí o turismo se desenvolve.
Fico muito feliz ao presenciar esse fenômeno da transformação e saber que colaborei e participei dele, ajudando assim a diminuir a pobreza e melhorar a vida de pessoas até então totalmente abandonadas a própria sorte e sem perspectiva nenhuma.

Então continue viajando e procurando aquela onda perfeita e solitária, mas não seja egoista, deixe pistas de onde ela está ou conte pra algum amigo. Quem sabe Deus nos deu esse papel e por isso nos premiou com a vida que temos?

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